sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Ao pé da letra

Com o surgimento de vários programas gráficos e o advento da internet, a escolha de fontes virou uma espécie de samba do crioulo doido. Hoje muita gente desenha fontes e as distribui em sites de compartilhamento.
Alguns são criativos e constroem alfabetos do zero, alcançando resultados interessantes. Por outro lado, uma grande maioria simplesmente se apropria de tipografias prontas, mudam um detalhe aqui, puxam uma curva ali e colocam seus nomes nelas.
Mas não vamos nos prender neste aspecto.
A questão é que pouca gente hoje se interessa em saber como surgiram as tipografias. O fato de o computador ter tornado seu uso muito comum pode ser um dos fatores.
Na era pré-informática, quem trabalhava na área gráfica precisava conhecer cada família tipográfica, suas características e detalhes. Existiam profissionais que, literalmente, desenhavam os títulos dos anúncios nos layouts.
Para fazer a arte-final, era necessário calcular o espaço destinado ao texto, tendo como referência o número de toques. O texto era composto e impresso em uma máquina, num processo chamado fotocomposição, para depois ser colado na arte-final.
Hoje isso soa bem abstrato mas, de qualquer forma, era bem trabalhoso.
Fica claro que o contato com as tipografias era mais intenso. Todo diretor de arte tinha um livro de fontes e normalmente conhecia o nome e o desenho de boa parte delas, de cor.
Estudar este assunto é bem interessante. Invista algum tempo pesquisando as tipografias e suas origens. Muita gente não sabe que Garamond, Benguiat e Frutiger, além de nomes de fontes, correspondem aos nomes de seus criadores.
Quando a pessoa começa a entender a tipografia e suas particularidades, também torna a escolha mais criteriosa. E não sai usando fontes a torto e a direito.

O nome da faculdade é importante?

Me perguntaram um dia desses se a faculdade que a pessoa freqüenta pesa na hora de uma entrevista.
Não vou dizer que não influencie. Se eu olho para um currículo e vejo, por exemplo, USP ou ESPM, é natural que analise a pessoa de uma forma diferente. Conheço particularmente a USP - por ter sido formado na ECA - e a forma como as pessoas recebem o conhecimento. O aluno sai de lá com uma base teórica muito consistente, o que ajuda a ter um pensamento um pouco mais estratégico.
Mas não é só a escola que vai influenciar na escolha. Converso muito com a pessoa, vendo principalmente seus trabalhos e procurando analisar sua postura. Claro que numa primeira conversa é impossível ver se o cara é ponta-firme, se é comprometido e se - pasmem - a pasta realmente é dele.
Resumindo: faculdade é importante, mas vontade e talento valem muitos pontos positivos.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Um abraço aos mestres

Sou de uma época (ei, nem sou tão velho assim) em que a gente reverenciava os mestres não porque eles eram celebridades, mas porque sabiam muito e tinham bastante coisa para ensinar.
Hoje a palavra "mestre" soa antiquada, tem gente pensando que as idéias saem do HD do computador.
Só para ficar na minha praia, direção de arte tem esse nome porque antes o cara tinha que manjar de várias coisas: fotografia, tipografia, desenho, arte propriamente, e daí "dirigia" todo o trabalho e todos os profissionais envolvidos. Este cara, em outro momento da sua vida, provavelmente já tinha sido estagiário ou paste-up.
Antes que me perguntem, não tenho saudades disso.
O computador veio para quebrar muitos galhos. Livrou a gente de calcular tamanho de fonte, indicar tamanho de retícula, entre outras chateações. Mas, por outro lado, fez muita gente pensar que direção de arte é coisa fácil.
O cara senta na máquina e vai fazendo. Geralmente acha que a primeira coisa que sai já é uma obra-prima. O redator manda a sacadinha. O diretor de arte bota a foto, devidamente photoshopada e coloca o título. Geralmente, o texto não conversa com o layout. Mas os dois acham "genial", fazer o quê. Pronto. Publica no Flickr. Fácil, rápido, pasteurizado.
Digo, pra quem me pergunta, que é preciso ter fundamento. Gosto do computador, mas não largo o lápis. Não entendo um cara ser, ou dizer que é, ou querer ser diretor de arte sem ter a mínima noção do básico. Mas há quem o seja, assim mesmo.
Conhece alguém da era pré-computador? Troque idéia com essa pessoa, aprenda bastante e dê um abraço por mim.

Gente que faz bonito

Tive a oportunidade de conhecer um cara que tem um trabalho muito legal. Interessado, interessante, com idéias criativas e, de quebra, com proposta social. Conheçam um pouco do Tom: www.flickr.com/estudiotom

Juniorização das agências

Dizem que um dos problemas das agências é a quantidade de funcionários juniores pouco preparados.
Defendo a parcela de novos profissionais e estagiários que têm interesse, ouvem, se informam e procuram estar por dentro do que rola no trabalho. Acho que tudo isso compensa a pouca experiência que, para esses, virá naturalmente.
Por outro lado, existe uma galera que está mais preocupada em seguir pessoas nos sites de relacionamento, ocupar o tempo com jogos on-line e se preparar para o happy-hour.
Claro que a agência deveria acompanhar melhor estas pessoas, já que investe tempo e dinheiro nelas.
Mas, infelizmente, existe algo que independe da empresa ou dos recursos que ela aplica: interesse. Sem isso, a coisa não decola. Falaremos disso mais vezes.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O vício da Archive

Tem gente que não consegue criar sem ter uma Archive do lado. Não tenho nada contra folhear uma ou outra para ver o que anda saindo pelo mundo. Mas daí a depender dela para poder trabalhar, já é demais.
Tem várias pastas que a gente recebe com anúncios que parecem terem saido da Archive: foto grande, produtinho no rodapé, título pequeno, ou às vezes nem título.
Particularmente, acho que a Archive pode ter as melhores e as piores idéias do mundo.
Pra mim, o ideal é usá-la como referência apenas, para procurar fazer diferente depois.

Pega mal eu ficar no Orkut?

Tem agência que é taxativa: usar Orkut? Nem pensar. Boa parte das agências bloqueia o acesso a algumas redes sociais e outros sites. O motivo é que pode gerar desde desatenção até queda de produtividade.
E o veto se estende a outras coisas, como Facebook e o MSN.
Em certas agências, o esquema é bem mais light, e inclusive os recursos são utilizados como ferramentas de trabalho.
De qualquer forma, é bom não marcar bobeira. Pergunte se há restrições ao uso de alguma coisa e evite ficar muito tempo no Orkut, Twitter ou Messenger.
Uma janelinha aberta pode até ser conversa sobre jobs. Mais de três, com certeza, não é reunião de trabalho.